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Metáfora desgastada A pessoa que chega de outra cidade e vai usar pela primeira vez o metrô entra na estação e vai seguindo as placas indicativas. "Embarque". Ela chega à plataforma, aguarda o trem e finalmente... embarca. No barco. Não, no trem! Você já parou para pensar que a palavra "embarcar" deriva de barco ou de barca? Embarcar, teoricamente, ao pé da letra, significa entrar no barco ou na barca, e não no trem, no carro, no ônibus ou no avião. No entanto, todo mundo embarca no trem, no carro, em todos os meios de transporte. Esse é um fenômeno lingüístico chamado catacrese, um tipo de metáfora desgastada. A metáfora se faz por semelhança. No caso, a semelhança entre um barco e um trem é que os dois são meios de transporte. Como não existe um verbo específico para cada meio de transporte, então utilizamos - por metáfora - o verbo "embarcar" para todos eles. Com o tempo, a metáfora se desgasta e ocorre a tal da catacrese. Vamos a um exemplo interessante de catacrese na música "Azul", de Djavan: "Eu não sei se vem de Deus Você já imaginou que "azul" e "azulejo" têm algo em comum? Dizem os bons autores, dizem as gramáticas que sim. Dizem que o azulejo, quando surgiu, era branco ou azul, e por isso emprestou da palavra "azul" a origem de seu nome. Por isso "azulejo" é uma catacrese: por semelhança lógica com a cor azul, por metáfora que se desgastou através do uso. Alguns outros exemplos de catacrese: bico da pena |